- E lucevan le stelleLuciano Pavarotti
- Canta: o tenor Luciano Pavarotti
Da Opera "Tosca" di Giacomo Puccini - 1900
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Original
E lucevan le stelle
ed olezzava la terra.
Stridea l'uscio dell'orto
e un passo sfiorava la rena.
Entrava ella fragrante
mi cadea fra le braccia.
Oh dolci baci, o languide carezze,
mentr'io fremente
le belle forme
disciogliea dai veli.
Svani per sempre
il sogno mio d'amore.
L'ora é fuggita
e muoio disperato,
e muoio disperato.
E non ho amato
mai tanto la vita.
Tanto la vita!
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Tradução
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E reluziam as estrelas
e o solo exalava um aroma.
Rangia o portão do jardim
e um passo leve sobre a areia
Ela entrou com seu perfume
e me caiu nos braços.
Oh, doces beijos! Oh, suaves caricias!
enquanto eu, trêmulo,
as belas formas
livrava dos véus
Esvaneceu-se para sempre
o meu sonho de amor.
A hora se foi
e morro em desespero.
e morro em desespero.
E não amei
nunca tanto a vida!
Tanto a vida!
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Tosca é uma ópera em três atos de Giacomo Puccini, com libreto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa, baseado na peça de mesmo nome de Victorien Sardou. Estreou no Teatro Costanzi de Roma, em 14 de janeiro de 1900.
Na época, a atmosfera política na Itália era tensa, com muita agitação revolucionária de caráter socialista e anarquista. A rainha e o primeiro-ministro assistiriam à estreia de Tosca, e temia-se que o teatro fosse alvo de um ataque terrorista, o que não aconteceu. Porém, seis meses mais tarde, o rei Humberto I da Itália seria assassinado, pelo militante anarquista Gaetano Bresci, em Monza.
Ato I
Na Basílica de Sant'Andrea della Valle, em Roma:
Angelotti acaba de fugir do Castelo de Sant'Angelo. Aterrorizado e ofegante, ele
entra na igreja, aparentemente vazia. Sua irmã, a Marquesa Attavanti, está
colaborando na sua fuga. Ela entrou na igreja alguns dias antes e, fingindo que
rezava, escondeu uma chave aos pés da Madonna; é a chave da capela dos Attavanti.
Ele recolhe a chave rapidamente, entra na capela, e se esconde. Na igreja há uma
grande pintura coberta com um pano, e diversos apetrechos de pintor. Um
sacristão entra cantarolando. Sinos badalam, é a hora do Angelus, ele se ajoelha
e reza. Chega Cavaradossi, o artista revolucionário esquerdista e voltairiano
(adepto de Voltaire), e descobre o quadro no qual está trabalhando: é um retrato
de Maria Madalena. O pintor canta enquanto trabalha, e o que ele canta é um hino
de amor à arte, à vida, e à sua amante, Floria Tosca, uma cantora de ópera (Recondita
armonia). O sacristão se apercebe de que o rosto da mulher que Cavaradossi está
pintando é o mesmo de uma dama que veio à igreja rezar no dia anterior. Tendo
trazido um cesto com comida e vinho, pergunta ao pintor se ele vai querer comer;
ele responde que não está com fome, e despede o sacristão. Angelotti sai da
capela e Cavaradossi reconhece seu amigo; os dois partilham os mesmos ideais
revolucionários. A conversa dos dois é interrompida pela chegada de Tosca, que
entra na igreja gritando "Mario! Mario!". Cavaradossi dá o cesto de comida ao
amigo e pede a ele que se esconda de novo, por precaução. Tosca pergunta com
quem ele estava falando. "Contigo," diz o pintor. Tosca olha para o quadro e
reconhece o modelo. "É a Attavanti. Ela esteve aqui?" "Eu a vi ontem, mas foi
por acaso," responde Mario. "Ela veio rezar e, sem que ela percebesse, pintei o
seu retrato." Tosca olha para o retrato cheia de ciúmes. A Attavanti tem os
olhos azuis, Tosca tem os olhos negros. "Pinta os olhos dela de negro," diz
Tosca. Mario e Tosca cantam um ardente dueto de amor. Cavaradossi pede a ela que
vá, porque ele precisa trabalhar. Ainda desconfiada, ela diz: "Mas pinta os
olhos dela de negro!" e parte. Angelotti sai do esconderijo, e Cavaradossi lhe
diz que a Tosca é bondosa, mas como ela não esconde nada do seu confessor, ele
preferiu não contar nada a ela por enquanto, e pergunta a Angelotti qual é o seu
plano. Este responde que sua irmã escondeu roupas de mulher para ele sob o
altar; assim que escurecer ele as vestirá e fugirá. Cavaradossi oferece a
Angelotti esconderijo em sua própria casa. Neste instante, ouve-se um tiro de
canhão, vindo do Castelo de Sant'Angelo: a fuga de Angelotti foi descoberta.
Angelotti pega as roupas de mulher, ele e Cavaradossi saem da igreja
rapidamente; mas Angelotti deixa cair um leque.
O sacristão entra na igreja com um bando de padres, coroinhas e membros do coro,
fazendo algazarra e em grande alegria: parece que Napoleão foi derrotado. Vai
haver uma grande festa esta noite, com fogos de artifício e uma cantata no
Palazzo Farnese com Floria Tosca. Chega Scarpia, acompanhado de Spoletta e
vários policiais. Interroga o sacristão: "Um prisioneiro de estado acaba de
fugir do Castelo de Sant'Angelo. Está escondido aqui?" Neste instante, Tosca
entra na igreja para avisar Cavaradossi que não poderá estar com ele esta noite
devido ao espetáculo no Palazzo Farnese. Enquanto seus homens revistam a igreja,
Scarpia dirige-se a Tosca. "Permita-me cumprimentá-la, madame, eu sou seu
admirador," diz ele, beijando a mão da famosa diva. "Admiro suas virtudes. São
raras as cantoras de ópera que vêm à igreja rezar. Pelo menos a Senhora não faz
como certas damas, que entram na igreja para namorar pintores," diz ele,
apontando para o retrato da Attavanti. "O que está dizendo?" indaga Tosca,
atônita. "Tem provas?" "Por acaso isto é apetrecho de pintor?" diz Scarpia,
mostrando a ela o leque com a insígnia da Marquesa Attavanti que encontrou no
chão. Num instante, Tosca imagina toda a cena: Mario e a Attavanti se beijando,
ela entra na igreja, Attavanti foge deixando cair o leque. Corroída de ciúmes,
ela sai rapidamente da igreja, que começa a se encher de fiéis, bispos, padres,
e um cardeal, para ouvirem um Te Deum que será cantado para celebrar a vitória
contra Napoleão. Scarpia ordena a seus homens que a sigam.
Ato II
No Palazzo Farnese:
Um espaçoso salão no terceiro piso do Palazzo Farnese. Vê-se uma ampla mesa
recoberta de candelabros, vinhos, e iguarias finas. No primeiro e no segundo
pisos do mesmo palácio a rainha Maria Carolina dá uma festa em honra de Melàs, o
general que derrotou Napoleão. Ouve-se o som de gavotas vindas do andar de
baixo, Tosca ainda não chegou para a cantata. Enquanto saboreia um vinho e prova
umas iguarias, Scarpia medita. Seu objetivo é duplo: político e sexual.
Cavaradossi e Angelotti, ele quer executá-los; Tosca, ele a quer possuir. Entra
Sciarrone; Scarpia escreve rapidamente um bilhete, e diz a ele que o entregue a
Tosca assim que ela chegar. Então ele canta um monólogo musical tão
impressionante como o de Iago no segundo ato do Otello de Verdi, no qual ele
joga luz sobre sua personalidade, mostrando claramente que tipo de pessoa ele é.
Chega Spoletta, trazendo uma má notícia e uma boa. Revistaram toda a casa de
Cavaradossi e não conseguiram encontrar Angelotti. Encontraram Cavaradossi,
contudo, e ele é trazido para ser interrogado por Scarpia, ao mesmo tempo em que
se ouve a voz da Tosca e do coro cantando a cantata no andar de baixo. Scarpia
interroga Cavaradossi: ele quer saber onde está Angelotti. O que se segue então
é musicalmente interessante, quando o som da cantata que vem do andar de baixo
se mistura às linhas melódicas das vozes de Scarpia, de Spoletta, e de
Cavaradossi, um exemplo engenhoso e bastante peculiar de polifonia. Scarpia,
furioso, fecha a janela violentamente, interrompendo o som da cantata, e
pergunta onde está Angelotti. Cavaradossi insiste que não sabe. Scarpia diz que
uma pronta confissão evitará maiores sofrimentos. Tosca entra e, ao ver Mario,
corre para abraçá-lo; Mario pede a ela que não diga nada do que sabe. Scarpia
ordena que Mario seja torturado. Os gritos lancinantes do amante vindos da outra
sala vão minando pouco a pouco a resistência de Tosca, que não aguenta mais e
acaba revelando o lugar onde está escondido Angelotti. Mario desmaia. Seu corpo
inerte e ensanguentado é trazido para a sala e posto no divã. Tosca o abraça e
beija; ele volta a si. Sciarrone entra e anuncia: Napoleão é vitorioso na
batalha de Marengo; a notícia anterior (da derrota) era falsa. Cavaradossi
grita: Vittoria! Vittoria! Canta a plenos pulmões um pequeno hino de alegria e
louvor à vitória de Napoleão: L'alba vindice appar che fa gli empi tremar!
Scarpia declara que ele é um homem morto. Mario é arrastado para fora, e Scarpia
fica a sós com Tosca. Oferece-lhe um gole de vinho e diz a ela que se acalme e
não fique tão assustada. "Vamos buscar juntos um jeito de salvá-lo," diz. "Você
me pede uma vida. Eu só lhe peço um instante." Tenta agarrá-la, beijá-la; Tosca
o repele com violência: "você me causa nojo." Scarpia ri. Ouve-se rufar de
tambores, "estão preparando o patíbulo para o seu amante," diz Scarpia. Caída no
chão, ela canta Vissi d'arte, vissi d'amore (Eu vivi para a arte, eu vivi para o
amor). Batem à porta: é Spoletta, que traz a notícia de que Angelotti se
suicidou assim que os guardas de Scarpia o encontraram. Anuncia que tudo está
pronto para a execução de Mario, aguardam apenas a ordem de Scarpia. Este olha
para Tosca e pergunta: "E então?" Ela responde que sim, está pronta a ceder aos
desejos do infame animal, desde que liberem Mario imediatamente. Scarpia
responde que não pode fazer graça abertamente, tem que haver uma execução
simulada. Dá a ordem a Spoletta na frente de Tosca: execução à la Palmieri.
"Sim, senhor, à la Palmieri," diz Spoletta, e se retira. A mensagem em código é
esta: ao conde Palmieri também foi prometida uma execução simulada.
Sozinha com Scarpia, ela pede a ele um salvo-conduto para que ela e Mario possam
sair do país. Scarpia senta-se para escrevê-lo. Enquanto ele escreve, ela se
aproxima da mesa, prova um gole de vinho, umas uvas, e vislumbra uma faca afiada
e pontiaguda, usada para cortar um peru. Olhando fixamente para Scarpia, que
está ocupado escrevendo, ela pega a faca e a esconde atrás de si. "Está pronto,"
diz Scarpia; mas ao tentar se levantar da cadeira, recebe uma facada nas costas,
duas, três… Tenta gritar, mas o sangue lhe invade a garganta e o afoga. Ti
soffoca il sangue? Ti soffoca il sangue? Ela golpeia com vontade, parecendo
possuída pelo próprio sadismo do vilão. Morre, danado! Quando percebe que já
está golpeando um cadáver, ela diz: Or gli perdono, ao mesmo tempo que a
orquestra toca um tema em forte em fá sustenido menor, o leitmotiv do destino de
Tosca. E avanti a lui tremava tutta Roma, e diante dele toda Roma tremia. Ela
acende duas velas, põe uma de cada lado do cadáver, põe um crucifixo no peito do
mesmo, pega o papel que está sobre a mesa, e se retira de cena.
Ato III
No Castelo de Sant'Angelo:
O dia amanhece em Roma. Do terraço do Castelo de Sant'Angelo vislumbra-se à luz
cinzenta e vermelho-escura da manhã o Vaticano e a Basílica de São Pedro. A hora
da execução se aproxima. Um carcereiro chega à cela de Cavaradossi e pergunta se
ele quer ver um padre. O revolucionário esquerdista voltairiano responde que
não. Ele tem, contudo, um último desejo: quer deixar uma última mensagem para
uma pessoa amada. Em troca, oferece ao carcereiro seu anel, única coisa que lhe
resta. Chegou a hora de E lucevan le stelle, hora em que as palavras perdem o
seu poder de expressão. Suas últimas imagens do mundo, seus momentos felizes ao
lado de Tosca. Tosca chega correndo com um papel na mão, acompanhada de um
sargento que abre a porta da cela. Abraçam-se, beijam-se, o dueto de amor que se
segue é cheio de alegria. Ela conta como deu morte a Scarpia. O dolci mani, ó
doces mãozinhas, capazes de matar. Tosca lhe explica, contudo, que ele deve
passar por um último ritual antes de escapar daquele inferno: a execução
simulada. Sendo, como é, uma artista de teatro, ela sabe todos os truques
cênicos, inclusive como cair sem se machucar. Instrui-o para que não se levante
enquanto ela não chamar. O carcereiro chega com os guardas e dizem a ele que
está na hora. "Estou pronto," diz Mario. Os preparativos parecem levar uma
eternidade, o nervosismo se apossa de Tosca; este é o último ato, a última coisa
a fazer antes que possam escapar desse inferno. Mario é posto contra a parede.
Atiram, ele cai. Vista de longe, a cena parece perfeita. "Como é lindo o meu
Mario," ela exclama. "Que artista!" Os guardas vão embora, e ela se aproxima de
Mario. Ao ver que ele está morto, solta um grito. A execução prometida ao conde
Palmieri não havia sido cumprida também. No Palazzo Farnese, Tosca não
compreende que estava sendo enganada por Scarpia. Ouvem-se gritos dos comparsas
de Scarpia perseguindo Tosca. O assassinato de Scarpia foi descoberto e correm
para capturá-la. Ela corre fugindo deles e se vê encurralada no parapeito do
terraço do Castelo Sant'Angelo, ao que ela exclama: "Perante Deus, Scarpia!" e
salta para a morte
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